O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta terça-feira (10) o espaço dado na imprensa às declarações da ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, a quem chamou de “pirralha”.
Bolsonaro deu a declaração ao ser questionado por jornalistas, na saída do Palácio da Alvorada, se estava preocupado com as mortes de dois indígenas da etnia Guajajara em um atentado ocorrido no sábado (7) no Maranhão.
Horas depois da fala do presidente brasileiro, Greta mudou sua descrição biográfica no Twitter para “Pirralha”.
Aos 11 anos, Greta foi diagnosticada com Asperger, um tipo de autismo. Desde a infância, ela realiza protestos para cobrar das autoridades ações concretas de combate às mudanças climáticas.
A sueca faltava às aulas para protestar em frente ao parlamento da Suécia e, neste ano, cruzou o Atlântico em um veleiro para participar de uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre clima.
O presidente pediu ajuda para lembrar o nome de Greta e criticou a ativista e o espaço dado pela imprensa às declarações da adolescente.
“A Greta já falou que os índios morreram porque estavam defendendo a Amazônia. É impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí, pirralha”, disse.
Em seguida, Bolsonaro afirmou que “qualquer morte preocupa” e que seu governo deseja “cumprir a lei”, posicionando-se contra desmatamento e queimadas ilegais.
Neste sábado, em uma rede social, Greta compartilhou um vídeo sobre as mortes dos indígenas brasileiros e escreveu que esses povos são assassinados ao tentar proteger a floresta do desmatamento ilegal.
Nesta segunda-feira (9), Greta voltou a mencionar os povos indígenas durante uma cúpula da ONU, que organiza a COP 25.
“Os direitos deles estão sendo violados em todo o mundo, e eles também estão entre os mais atingidos, e mais rapidamente, pela emergência climática e ambiental”, disse a sueca.
Mortes de indígenas
O número de lideranças indígenas mortas em conflitos no campo em 2019 foi o maior em pelo menos 11 anos, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgados nesta segunda.
Leia aqui o levantamento sobre as mortes
Foram sete mortes em 2019, contra duas em 2018. Os dados deste ano são preliminares: o balanço final só será feito em abril do próximo ano.
No último fim de semana, três ativistas indígenas foram mortos no país: no Maranhão, em Jenipapo dos Vieiras, dois indígenas Guajajara morreram e outros dois ficaram feridos durante um atentado no sábado (7); em Manaus , o ativista da etnia Tuyuca Humberto Peixoto Lemos morreu no hospital após ser agredido a pauladas na segunda-feira (2).
Fonte: G1