Uma recém-nascida que estava internada há 30 dias na UTI Neonatal do Hospital Inácia Pinto dos Santos (Hospital da Mulher), enquanto a família aguardava a regulação para realização de uma cirurgia do coração, faleceu nesta sexta-feira, 27. Ela nasceu com cardiopatia congênita e necessitava da cirurgia em uma unidade de alta complexidade.
“Não vou deixar a história da minha filha em vão. Que demore dez, vinte anos, mas alguma coisa eu vou fazer por ela. Perder o meu bebê é perder um pedaço de mim. Esperamos por trinta dias a transferência, que não veio. Minha filha resistiu o que pôde, graças a assistência recebida aqui no Hospital da Mulher”, lamentou a mãe da recém nascida, Flávia de Almeida Santos, 28 anos, moradora do distrito de Humildes, em Feria de Santana.
Vários pedidos alertando a urgência da regulação foram encaminhados pelo Hospital da Mulher. “A gente depende desse sistema, do governo, pagamos impostos e quando mais precisamos do governo ele vira as costas para nós. A gente só precisava da cirurgia e depois seguiriamos a nossa vida normalmente, eu e minha filha. Se aconteceu com a vida da minha filha, pode acontecer com outras mães, mas isso não vai ficar assim”, desabafou.
Família de outro bebê que precisa de regulação acionou a Defensoria Pública
Outra situação semelhante vive o bebê Yan Gabriel da Silva Rodrigues, filho de Kaliane da Silva Rodrigues, nascido no último dia 15 de dezembro. De acordo com o laudo médico, diagnosticado com Cardiopatia Congênita, alterações do coração e dos grandes vasos, detectados através do exame Ecocardiograma após o nascimento.
Com o objetivo de acelerar o processo de transferência do seu neto para a cirurgia do coração, a avó Arilma da Silva Rodrigues solicitou providências emergenciais à Defenssoria Pública com base no artigo 196 da Constituição Federal, que trata do direito de todos e dever do Estado, quanto ao acesso e execução dos serviços públicos de saúde.
“Meu neto é um cardiopata grave e precisa da cirurgia. Pedi ajuda ontem (26) à Defenssoria Pública e se precisar vou ao Ministério Público. Eu preciso de ajuda e meu neto também. Que regulação é essa gente que espera a pessoa morrer numa fila de espera por 30 dias? A cada dia que passa vai aumentando o grau de risco, minha filha está sendo bem assistida aqui no Hospital da Mulher, mas por causa dessa situação ela ficou hipertensa. Que demora é essa gente? Eu peço, eu imploro a Sesab, me ajude a ter o meu primeiro netinho com saúde”, clama Arilma.
Caso preocupante e afeta toda equipe médica
O Médico Pediatra Neonatologista, Luciano Braz, disse que o recém-nascido que permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital da Mulher e precisa ser levado para Salvador o mais rápido possível. No entanto, ainda não há previsão de transferência. “O estado do bebê assim como todos que nascem com essa disfunção do coração é grave e são mantidos sob medicamentos fortíssimos que poderiam não ser preciso após a cirurgia. O caso é preocupante e afeta toda a equipe médica que mantém esses bebês aqui sob todo o cuidado, sendo que já deveriam ter feito a cirurgia e já está em casa com suas famílias”, observa Luciano.
A diretora presidente da Fundação Hospitalar, Gilberte Lucas, informa que a cada dia é renovada a solicitação de transferência dos bebês que precisam de cirurgia. Ela lamentou a perda da recém-nascida que não conseguiu a regulação. “Enviamos mais uma solicitação para a Secretaria Estadual de Saúde no sentido de que intervenha nessa situação e possa dar maior celeridade ao processo de transferência do recém-nascido para uma unidade de referência em cirurgia cardíaca. Há quinze dias que a resposta é negativa e a alegação é que não há vagas, mas tudo o que é possível fazer como instituição, na questão de medicação e equipamentos necessários para manter a criança viva, temos feito. Entretanto o caso é cirúrgico”, esclarece Gilberte.
As informações são da Secom.